Vergonha de ser honesto

Dr. Boris Castro

Dr. Boris Castro é advogado, jornalista e Consultor da Fazenda.

A Imprensa, cumprindo o seu honroso papel, denuncia diariamente o que vem acontecendo, assustadoramente, no cenário nacional, que me fez lembrar dos ensinamentos do estadista Ruy Barbosa de Oliveira, que com a sua eloquência, oratória e inteligência, encantou os participantes da Conferência de Paz de Haia em 1907.

Ruy Barbosa brigava por justiça como Advogado, Jornalista, brilhava nos discursos, cultivava notável saber jurídico, foi Deputado e Senador, defendendo eleições diretas, abolição da escravatura e tantas outras que registrou em seus livros. Combatia ferozmente a desonestidade e a injustiça.

Às vezes fico imaginando Ruy Barbosa no século XXI. Possivelmente não suportaria o peso da politicagem, da corrupção, dos desmandos, da anarquia na segurança, na saúde, da impunidade direcionada a uma casta “graúda” e de “prestígio político”, sempre à margem da punição.

O povo, que é lembrado somente antes das eleições com promessas que raramente são cumpridas, que sofre para sobreviver e educar os seus filhos, cansado e sem esperança de um amanhã promissor, vai à rua para protestar e por ordem na casa.

Esse tratamento desigual , desumano e injusto, nos traz do silencio do tempo o que disse o estadista, Ruy Barbosa, dita no dia 17 de dezembro de 1914 no Senado da República…” A falta de Justiça, Senhores Senadores, é o grande mal da nossa terra, o mal dos males, a origem de todas as nossas infelicidades, a fonte de todo nosso descrédito, a miséria desta pobre nação. A injustiça desanima o trabalho, a honestidade, o bem.

Ferrenho defensor da Lei, dos fracos e oprimidos, ícone de todas as gerações, o nosso “Águia de Haia” ousava enfrentar os violadores do Direito bradando alto e bom som : “De tanto ver triunfar as nulidades , de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, rir-se da honra e ter vergonha de ser honesto”.