Liberdade de Imprensa sofreu regressão brutal em 2014 e Brasil é criticado em relatório

Brasil, Argentina e Venezuela são criticados pela censura e medidas contra a Liberdade de Imprensa

Jorge Capitanich rasga o jornal Clarín

O Chefe de Gabinete do Executivo da Argentina Jorge Capitanich rasga o jornal Clarín


 
 

A Liberdade de Imprensa sofreu uma “regressão brutal” em 2014, principalmente pela ação de grupos islâmicos radicais como o Estado Islâmico ou o Boko Haram, destaca a classificação anual da organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) divulgada recentemente. “Ocorreu uma deterioração global, relacionada com fatores muito diferentes, com a existência de guerras de informação e com a ação de grupos que se comportam como déspotas da informação”, disse Christophe Deloire, secretário-geral da RSF.

“O ano de 2014 foi de uma regressão brutal para a liberdade de informação. Dois terços dos 180 países [no ranking da RSF] têm resultados piores que na edição anterior”, explica a RSF, que também registra os ataques à liberdade de imprensa. A Síria, o país considerado pela ONG como o mais perigoso do mundo para os jornalistas, permanece na posição 177 de um total de 180, atrás da China (176), mas à frente de Turcomenistão (178), Coreia do Norte (179) e Eritreia (180). Os quatro últimos países da lista são os mesmos do ano passado.

O Brasil ocupa a nada honrosa 99ª posição e é um dos países citados pela RSF. Outros países em situação similar são Venezuela (137) e Ucrânia (129). Entre os países latino-americanos, o relatório destaca que o México (148) teve um ano extremamente violento. O documento da RSF também cita os riscos para a profissão na Colômbia (128).

“Do Boko Haram ao grupo Estado Islâmico, passando pelos narcotraficantes latinos ou a máfia siciliana, as motivações mudam, mas o modus operandi é o mesmo: reduzir ao silêncio através do medo ou das represálias”, destaca a ONG. Pelo quinto ano consecutivo a Finlândia ocupa o primeiro lugar no ranking, seguida por Noruega e Dinamarca. O Iraque está na posição 156 e a Nigéria no 111º lugar. No caso do Iraque e da Síria, presença do grupo Estado Islâmico “provocou a fuga dos jornalistas”. Na África, apesar do avanço da Costa do Marfim (86º, +15 lugares), muitos países permanecem entre os piores da lista. O Congo perdeu 25 posições (107) e a Líbia 17 (154).

Na Europa, alguns pequenos países caíram na classificação: Luxemburgo passou do 4º ao 19º lugar, Liechtenstein do 6º ao 27º e Andorra do 5ª para o 32º, a queda mais expressiva. “Todas são situações comparáveis, com uma proximidade entre o poder político, econômico e midiático que gera conflitos de interesses muito frequentes e que são cada vez mais importantes”, explica a ONG.

A França subiu uma posição e está em 38º lugar. A classificação não leva em consideração o atentado de 7 de janeiro contra a revista satírica Charlie Hebdo, indica a RSF. Os Estados Unidos aparecem na posição de número 49 e a Grã-Bretanha no 34º lugar.

A classificação é baseada em sete indicadores: o nível dos abusos contra a Liberdade de Imprensa, o pluralismo, a independência dos meios de comunicação, o ambiente e a autocensura, o marco legal, a transparência e as infraestruturas.